AERJ - FAEB

Para quem não está acompanhando os últimos acontecimentos sobre Arte-educação na rede pública de ensino do Rio de Janeiro, foi editada recentemente a Resolução 1048 da Secretaria Municipal de Educação - SME, que decreta aprovação automática na disciplina Artes na rede municipal da cidade. O que, somando-se ao "Segundo Turno Cultural" do projeto Escolas do Amanhã, onde as tardes dos alunos são tomadas por atividades culturais recreativas, ministradas por profissionais não especialistas e nem concursados, ou seja, do ensino informal, se fragiliza e desprestigia brutalmente a importância educacional da área enquanto disciplina curricular, frente a vasta gama de profissionais não especialistas "ministrando Artes" nas tardes das crianças, e ainda com recursos e infraestrutura de outra secretaria, a SMC, sem ônus para o orçamento da educação municipal.

Há também a questão do Plano Nacional de Cultura e o de Educação, elaborados a partir de 2009 por interlocução do governo federal com a sociedade civil e organizada. Ambos os planos determinarão as políticas públicas dos dois ministérios pelos próximos dez anos, o que se configura numa oportunidade importante de ação em favor das artes na escola, para os que se preocupam em buscar um pouco mais de Arte junto aos órgãos administrativos da educação, e um pouco mais da escola junto aos projetos da Cultura.

O problema começa pela falta de representação política organizada dos arte-educadores do Rio de Janeiro. Caso nos agrupássemos sob uma entidade associativa seria mais fácil agir diretamente sobre as aberrações administrativas do poder público contra a área curricular de Artes na escola, defendendo a garantia das quatro linguagens junto à disciplina Artes, com professores concursados e especialistas, e não com os oficineiros da Ong de sabe-se-lá-quem.

Não se pode exatamente contar com a erma e inoperante AERJ - Associação dos Arte educadores do Rio de Janeiro - que vem sendo conduzida de forma flácida, omissa e contraproducente por Jacqueline Mac-Dowell, presidente da associação a quatro anos, de mandato vencido e sem previsão para nova eleição. Entre julho e dezembro de 2009 acompanhei de perto a dinâmica das reuniões, onde os associados se colocam, levantam diagnósticos, detectam oportunidades, traçam planos, escrevem atas, e nada mais acontece, nada é passado aos demais, e tudo o que é dito morre ali mesmo. O que vai minando a credibilidade da entidade, e as pessoas, com o tempo, passam a simplesmente desaparecer da associação.

Em meados de dezembro, sentindo-me pessoalmente frustrada por ver cada plano de ação afogado em evasivas e imobilismos, escrevi a Faeb, Federação dos Arte Educadores do Brasil, entidade a qual a Aerj está vinculada e representa no estado, pedindo providencias quanto a Resolução 1048 da SME Rio. http://br.groups.yahoo.com/group/faeb/message/11062. Achei pertinente ao menos comunicar aos membros da Federação o estado atual das coisas por aqui. Depois disso, Jacqueline, que também é presidente da Faeb no momento, passou a bloquear minhas mensagens em ambos os fóruns, Aerj e Faeb. E em seguida, a me difamar de maneira absurda e gratuita aos federados que reclamavam, perplexos, desse tipo de conduta: a de se valer do pequeno poder de moderador de fórum para literalmente "dar um sumiço" nos membros dissonantes com a sua condução da coisa pública.

Considerando a abrangência nacional da entidade, e que esta se comunica coletivamente ou pelo fórum ou uma única vez por ano durante os CONFAEB, onde evidentemente a grande maioria não está presente, significa dizer que se é sumariamente cortado das articulações políticas em nível nacional quando se tem uma opinião dissonante à da atual presidente, que, quando se sente contrariada, se acha no direito de simplesmente excluir os federados das discussões como um todo. É virtualmente impossível sustentar discursos democráticos/democratizantes, pautados no fortalecimento coletivo da classe através de sua coesão, sem se lidar, na prática, com avaliações desfavoráveis sobre o modo de condução da coisa pública. Algo emblemático de um amadorismo absurdo.

Cabe ressaltar que a FAEB é, sim, um patrimônio que temos todos nós, por todas as pessoas de enorme importância histórica e política na Arte-educação do Brasil, e que se fazem presentes, significativamente, na Federação. Sinto-me lesada pela associação regional consistir num simulacro opressivo, imóvel e imobilista. Se você tenta fazer alguma coisa é calado, e se questiona, é cortado. Não me arrependo de ter divulgado a sua existência, porque associar-se à regional é a única maneira de se estar vinculado à Federação. Mas hoje, francamente, enquanto esta pessoa seguir à frente da entidade, não recomendo a filiação a ninguém.


Documentos relacionados:
Estatuto da Aerj
Estatuto da Faeb

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